domingo, 2 de novembro de 2014

Largo da Feira

Senta-te.
O tempo, o sofá, as histórias. Longas conversas sobre assuntos muitas vezes repetidos, mas que importavam e cativaram a atenção de quem o ouvia.
Passado que se encontra tão presente. Um ano é pouco tempo.
Qual o propósito de tudo?
A divisão para metade do número de escovas de dentes presentes no copo da casa-de-banho assusta. Pequenos detalhes que são, de facto, enormes.
Uma carrinha que transporta animais passa e apita. Bem alto. Duas, três vezes. Para onde vai?
Senta-te.
Que o tempo passa rápido para os que andam distraídos.
Aprende devagar, não tenhas pressa.
Aquelas palavras nunca vão ser esquecidas. Principalmente as últimas, sempre as últimas.
Senta-te.
Ouve os sons da feira, dos animais, das pessoas a regatear.
Cheira este dia como se fosse o primeiro de todos. Pois esta foi a primeira vez que te sentaste para pensar sobre um ano. E é tão raro pensar depressa sobre algo tão duradoiro.
Sente-te.
Este dia é diferente.
Não é?